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Blog dedicado ao Ohoh, o meu Defender Td5 Hard Top Van de Julho de 2003, às viagens e aventuras, que já foram algumas, mas esperemos que sejam cada vez mais...
Os 7º e 8º dia foram os dias do regresso a Portugal e ao Porto. No 7º dia fizemos o percurso Marrakech-Chefchouen, descontraidamente mas sem grandes distracções. Tínhamos que estar no dia seguinte de manhã a embarcar no ferry para a Europa. Impressionante a quantidade de crianças que vivem naquelas terras. No horário de saída (ou entrada) da escola, era uma massa de gente que não nos deixava indiferentes...
O embarque... acabou por ser possível apenas na tarde do 8º dia. Foi conturbadíssima a travessia da fronteira. Um polícia marroquino, enorme, depois da análise do meu passaporte (era o quarto carimbo de entrada/saída de Marrocos), revirou e completamente o meu Defender e inspeccionou obsessivamente todas as partes do carro que pudessem ser meio de transporte de droga, com o auxílio de uma chave de fendas. Até o depósito do óleo foi minuciosamente inspeccionado com uma lanterna... e no final olhava-me convencido que algo lhe tinha escapado. Os espanhóis olharam-me para tentar perceber o que dizia o meu rosto... e mandaram-me avançar.
Para além disso, ainda apanhámos uma avalanche de gente que de repente forçou a entrada descontrolada em Marrocos. Eram marroquinos que traziam compras de Ceuta... pela forma como vimos alguns a fugir da polícia, havia álcool naquelas bagagens.
Por fim, mais uma vez, estivemos horas à espera do ferry, desta vez, aparentemente porque chegámos 10 minutos depois das 12:30, e só tínhamos um novo barco às 15.
Fizemos o percurso inverso ao da ida (1º dia). Fez-se bem, ainda passámos por Trancoso onde a minha mãe nos deu o jantar. Eram já 3 horas da manhã quando beijei o meu filho que, meio a dormir, soltou um emocionado "papá... quase que me apanhavas a dormir", virou-se para o lado e continuou a dormir... no dia seguinte compensámos...
Curioso foi termos necessitado de dois depósitos mais 25 € (de gasóleo) para ir do Porto a Algeciras, e apenas dos dois depósitos para fazer Algeciras-Porto...
Por agora faço uma pausa na viagem... vou reunir-me com o meu companheiro e fazer as contas... são para publicar.
Abraços.
VER FOTOS DO REGRESSO
Para mim foi uma repetição. Fiz esta pista em 2004, acompanhado pela minha mulher e mais rapaziada num Opel Frontera. Dessa minha primeira experiência ficou-me na memória o contraste com a pista da Garganta do Todra para a Garganta do Dades... (mais longa e difícil). Desta vez foi vivida como uma experiência de montanha, aproveitámos o percurso que tínhamos planeado para fazer este desvio e sentir a altura, o cruzamento de carros em espaços curtinhos e precipícios vertiginosos... Para mim, foi-me bastante agradável. Foi neste dia que percebi que nunca me senti tão bem nas minhas viagens a Marrocos como desta feita, senti-me calmo, seguro... mas isso são coisas minhas...
Na minha memória de 2004, estava ainda a travessia do Atlas a caminho de Marrakech, por estradas que serepenteavam a montanha, nessa data já noite avançada. Desta vez queria fazer esta travessia de dia... É mais uma série de imagens que valem tudo...
Lá estava o monte Tubkal... que atracção. O meu companheiro André, falava de o subir... e eu que tive um par de experiências de caminhadas em montanha (alpinismo), até tive vontade de as recuperar... aqui está mais um projecto. No ponto mais alto do nosso percurso por estrada (Tichka), resolvemos tomar um chá (já só tínhamos 6 MAD, mas não foi problema, deram-nos o chá pelo dinheiro que tínhamos). Conversámos com um local que nos disse ter subido o Tubkal com um grupo de portugueses... portugueses que “vinham a Marrocos procurar tesouros de tempos muito antigos”... ainda tenho esta a rebolar na minha cabeça.
Passámos pela Praça Jemaa El-Fna..., vimos as cobrinhas e o teatro... mas não era para isto que eu vinha a Marrocos (estava noutra: acabámos o dia a comer viande haché numa tasquinha na estrada para Al Jadida.).
VER FOTOS DO 6º DIA
Foi nesse dia que tomámos o nosso primeiro banho Marroquino.
Tal como tinha acontecido na noite anterior, fizemos questão de tomar um chá de menta antes de ir dormir. No auberge, para além de nós, estavam dois motards espanhóis (só na 1ª noite) e um grupo de dois casais franceses (um de velhotes, incrivelmente baixinhos, que trajavam vestes marroquinas/árabes mais ou menos estereotipadas, dos quais não conhecemos o tom de voz, e o outro, mais jovem, ela marroquina e ele um francês que contava ter atravessado 3 vezes o Sahara, uma delas aos 23 anos, como único ocidental numa caravana de camelos que transportava cale e minerais do Mali para Zagora (o grande deserto mesmo!!)...
No dia seguinte esperava-nos o dia das emoções mais fortes...
VER FOTOS DO 4º DIA
Dia 3...
Na noite anterior tivemos chuva por companhia.
Quanto ao percurso, sabíamos que ia ser mais uma etapa até ao deserto, mas com momentos mais emocionantes. Assim foi, um dia cheio de paisagens monumentais, das mais espectaculares que se podem ver por Marrocos. A floresta dos Cedros, o vale entre o Médio Atlas e o Alto Atlas e as Gargantas do Ziz são sempre impressionantes. A chuva não desaparecia e no Atlas o vento era fortíssimo. Houve uma altura que tivemos que andar a 30/40 Km/hora, tal era a impressão que o vento causava no nosso Defender. Deparámo-nos mesmo com uma caravana que ziguezagueou até ficar atravessada na estrada. Só houve maleitas com os materiais, e foi rápido o movimento de pessoas apra ajudar os holandeses (no caso).
Com o avançar dos quilómetros, deparámo-nos com a gravidade da dificuldade que tinha em engrenar as velocidades. Decidimos parar em Er rachidia (cidade de maiores dimensões) para tentar reparar a situação. Praticamente só engrenava a 3ª e a 5ª e eu evitava parar o Defender para não passar pela tensão de arrnacar em 3ª... Foi nesta condição que acabámos por parar por ordem da polícia quando numa longa recta no meio de um grande planalto passámos pelo sinal de STOP (“HAUT POLICE”). Depois da ameaça de multa de 400 MAD expliquei-lhe (e demonstrei) que estava sem velocidades e ele lá compreendeu, perdoou a multa e aconselhou-nos a parar mesmo em Er rachidia para encontrarmos “bons mecânicos“.
Pessoalmente estava pouco crente no sucesso da resolução do problema, mas, logo na primeira oficina, a coisa ficou resolvida. A oficina não tinha nada bom aspecto (como todas as oficinas por que passámos) e claramente era oficina de mudança (?) de óleo e limpeza de filtros... e pouco mais. Dirigimo-nos a um rapaz a quem perguntámos onde poderiamos encontrar um bom mecânico de Land Rover... e ele fez um telefonema. Disse-nos que num quarto de hora ele estaria ali. Assim foi. Ele experimentou a embraiagem, verificou o fluido da bomba e diagnosticou que era esse o problema e que a poderia reparar se eu quisesse. Depois de algum esforço por esclarecer a situação, senti-me confortável e confiante com esta pessoa. Tinha que tomar uma decisão e disse-lhe que poderia ser, "c'est ok". Era o Ali, irmão do Lirbali (não tenho a certeza do nome dele, mas era o primeiro rapaz a quem nos dirigimos, e que fez o telefonema). Pôs as mãos ao trabalho. É claro que não pedi o CV dele para saber se era de confiança, mas eu estive mais atento que nunca a uma intervenção no meu Land Rover, e o Ali não pestanejava com a muinha presença e avaliação (e a do meu companheiro André, é claro). Era uma pessoa humilde, sem manias nem arrogãncias, bem educado e que mostrava dominar o que estava a fazer, parecia ter experiência a fazer aquilo. No momento em que percebemos que eram os dois irmãos, o André comentou que era “uma família de mecânicos”... ao que ele respondeu que “não, que só ele (Ali) era mecânico” (ou seja, o facto de ter um irmão a trabalhar numa oficina, a mudar óleo e filtros não faz dele mecânico).
Afinal não foi possível reparar a bomba... teve de ser substituída (tinha uma falha na parede interna da bomba, por onde o fluido saía e se derramava). Ele disse-me que no estado em que estava, se tivesse andado a meter o fluido aos poucos, ao longo da viagem, o Defender ainda vinha para Portugal, e achei que tinha havido um mal entendido no início da conversa com o Ali, em que eu o fiz pensar que eu já tinha colocado fluido na bomba... Acabámos por procurar uma bomba, que adquirimos e substituímos. Reparei na forma como cuidadosamente o Ali colocava a reapertava todos os parafusos que antes tinha tirado para a desmontar... Fiquei muito satisfeito com o trabalho, achei-o muito competente... fizemos por ali uma série de amigos... Custo total (bomba 240 MAD + fluido 25 MAD + Mão de obra 200 MAD, ele pediu-me 150 MAD e eu dei os 200 MAD) – demorou 4 horas (TOTAL EM €= Aprox. 41 €)... o mais engraçado foi que já tive um problema do género aos 40.000 Km, em Portugal, e na altura fiquei sem saber o que tinha o Land Rover e substituíram-me a “caixa de velocidades” e paguei mais de 300 € na PRECISION. Como não percebo nada de mecânica... andei umas horas a pensar que fui levado em Portugal... vamos ver.
Acabámos por chegar a Merzuga já de noite... no mesmo percurso que fizéramos em 2005... e com o Sporting novamente a ser eliminado... (na altura foi pela Udinese e agora pelo Glasgow)...
Com a chegada a Merzuga, o vento estava forte, e a areia atravessava-se na estrada... Disseram-nos mais tarde que fazia 5 dias que “estávamos no meio de uma tempestade... era só pó”...
Dormimos no quintal do Auberge OASIS, na nossa tenda de montagem em 2''...
http://www.auberge-oasis.net/
NOTA: Sei que é um fluido e não um óleo porque li os post's do JPCMC do fórum do Landmania Clube de Portugal (apesar de não concordar muito com as suas posturas perante alguns dos sócios, a sua partilha de informação técnica tem-me valido alguma coisa - a ele o meu obrigado).
A viagem está a ter o seu plano definido.
Como optei por divulgar este projecto em blog, faz-me sentido partilhar alguns aspectos relacionados com este tipo de viagens e o seu planeamento. São as minhas ideias, resultantes das experiências que tive, do prazer que posso retirar disto, do sentimento de segurança que preciso e do grau de risco que pretendo assumir. Estas são considerações que faço antes deste tipo de viagens (e não só... é mais no dia-a-dia):
O que é preciso para se estar seguro?
O que é preciso para se retirar prazer disto?
Não sinto estar à altura de dar lições a ninguém, mas parece-me que Marrocos dá para todos os gostos. Neste caso, o que pesou nas nossas opções foi, a primeira coisa, optar por uma viagem que dê prazer, recusando o que não é imprescindível, para o prazer, e procurando a segurança necessária para o minimo de conforto (descobimo-nos e até parece que precisamos de insegurança para ter prazer (é provável...)...
Mas, no fundo, somos todos diferentes e alguns de nós precisam de coisas que os outros não precisam. Há viagens/expedições organizadas em que se mistura tudo e acaba por ser óptimo para todos os que participam.
Eu também gosto, mas gosto mais de uma forma do que de outra...
Já que estou numa de partilhar, cá vai:
Primeiro: não esquecer os passaportes e a extensão de seguro para Marrocos (se nos passou, sempre é possível fazer um seguro na fronteira – há por lá agentes a tentarem ganhar algum... nunca o fiz e nem sei quanto custa).
O material e equipamentos que vai connosco é:
Vamos levar roupas e material didáctico para entregar em associações – há sempre entidades locais que recolhem estes bens e redistribuem pelas pessoas mais necessitadas – esta questão é relevante nas aldeias mais isoladas do Atlas, onde há mais dificuldades, dado as adversidades da montanha e do clima.