Limpar Portugal

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sábado, 19 de abril de 2008

Um dia de TT na areia e, depois, de descanso...

Um dia de TT na areia e, depois, de descanso...


O 4º dia era para o TT e para o descanso. Para mim foi a estreia nas dunas do deserto. Espectacular!... Esvaziámos os pneus e lá andámos duna abaixo duna acima até que ficámos enterrados e, assim, felicíssimos, lá usámos a pá... O André até foi o primeiro a experimentar... e de repente ele já era mais experiente que eu. Perdemo-nos uma série de vezes do track do Parola Gonçalves e acabámos por seguir um trilho de jipes (ou/e moto 4) que teriam feito o percurso no sentido contrário ao nosso. Voltámos para trás quando nos deparámos com uma elevação enorme e a pique. Mesmo com esta desistência, voltar a fazer o percurso inverso foi uma emoção...
Fartei-me de fazer filmes de dromedários para mostrar ao meu filho (que diz querer ir comigo ao deserto ver os camelos)...


Concluímos o nosso passeio matinal em torno de Erg Chebi quando a tarde já tinha ocupado o OASIS. Entre conversas com os nossos anfitriões, lá fomos partilhando as nossas vidas...

Foi nesse dia que tomámos o nosso primeiro banho Marroquino.

Tal como tinha acontecido na noite anterior, fizemos questão de tomar um chá de menta antes de ir dormir. No auberge, para além de nós, estavam dois motards espanhóis (só na 1ª noite) e um grupo de dois casais franceses (um de velhotes, incrivelmente baixinhos, que trajavam vestes marroquinas/árabes mais ou menos estereotipadas, dos quais não conhecemos o tom de voz, e o outro, mais jovem, ela marroquina e ele um francês que contava ter atravessado 3 vezes o Sahara, uma delas aos 23 anos, como único ocidental numa caravana de camelos que transportava cale e minerais do Mali para Zagora (o grande deserto mesmo!!)...

No dia seguinte esperava-nos o dia das emoções mais fortes...

VER FOTOS DO 4º DIA

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Dia 3...

Dia 3...

Na noite anterior tivemos chuva por companhia.

Quanto ao percurso, sabíamos que ia ser mais uma etapa até ao deserto, mas com momentos mais emocionantes. Assim foi, um dia cheio de paisagens monumentais, das mais espectaculares que se podem ver por Marrocos. A floresta dos Cedros, o vale entre o Médio Atlas e o Alto Atlas e as Gargantas do Ziz são sempre impressionantes. A chuva não desaparecia e no Atlas o vento era fortíssimo. Houve uma altura que tivemos que andar a 30/40 Km/hora, tal era a impressão que o vento causava no nosso Defender. Deparámo-nos mesmo com uma caravana que ziguezagueou até ficar atravessada na estrada. Só houve maleitas com os materiais, e foi rápido o movimento de pessoas apra ajudar os holandeses (no caso).


Com o avançar dos quilómetros, deparámo-nos com a gravidade da dificuldade que tinha em engrenar as velocidades. Decidimos parar em Er rachidia (cidade de maiores dimensões) para tentar reparar a situação. Praticamente só engrenava a 3ª e a 5ª e eu evitava parar o Defender para não passar pela tensão de arrnacar em 3ª... Foi nesta condição que acabámos por parar por ordem da polícia quando numa longa recta no meio de um grande planalto passámos pelo sinal de STOP (“HAUT POLICE”). Depois da ameaça de multa de 400 MAD expliquei-lhe (e demonstrei) que estava sem velocidades e ele lá compreendeu, perdoou a multa e aconselhou-nos a parar mesmo em Er rachidia para encontrarmos “bons mecânicos“.

Pessoalmente estava pouco crente no sucesso da resolução do problema, mas, logo na primeira oficina, a coisa ficou resolvida. A oficina não tinha nada bom aspecto (como todas as oficinas por que passámos) e claramente era oficina de mudança (?) de óleo e limpeza de filtros... e pouco mais. Dirigimo-nos a um rapaz a quem perguntámos onde poderiamos encontrar um bom mecânico de Land Rover... e ele fez um telefonema. Disse-nos que num quarto de hora ele estaria ali. Assim foi. Ele experimentou a embraiagem, verificou o fluido da bomba e diagnosticou que era esse o problema e que a poderia reparar se eu quisesse. Depois de algum esforço por esclarecer a situação, senti-me confortável e confiante com esta pessoa. Tinha que tomar uma decisão e disse-lhe que poderia ser, "c'est ok". Era o Ali, irmão do Lirbali (não tenho a certeza do nome dele, mas era o primeiro rapaz a quem nos dirigimos, e que fez o telefonema). Pôs as mãos ao trabalho. É claro que não pedi o CV dele para saber se era de confiança, mas eu estive mais atento que nunca a uma intervenção no meu Land Rover, e o Ali não pestanejava com a muinha presença e avaliação (e a do meu companheiro André, é claro). Era uma pessoa humilde, sem manias nem arrogãncias, bem educado e que mostrava dominar o que estava a fazer, parecia ter experiência a fazer aquilo. No momento em que percebemos que eram os dois irmãos, o André comentou que era “uma família de mecânicos”... ao que ele respondeu que “não, que só ele (Ali) era mecânico” (ou seja, o facto de ter um irmão a trabalhar numa oficina, a mudar óleo e filtros não faz dele mecânico).
Afinal não foi possível reparar a bomba... teve de ser substituída (tinha uma falha na parede interna da bomba, por onde o fluido saía e se derramava). Ele disse-me que no estado em que estava, se tivesse andado a meter o fluido aos poucos, ao longo da viagem, o Defender ainda vinha para Portugal, e achei que tinha havido um mal entendido no início da conversa com o Ali, em que eu o fiz pensar que eu já tinha colocado fluido na bomba... Acabámos por procurar uma bomba, que adquirimos e substituímos. Reparei na forma como cuidadosamente o Ali colocava a reapertava todos os parafusos que antes tinha tirado para a desmontar... Fiquei muito satisfeito com o trabalho, achei-o muito competente... fizemos por ali uma série de amigos... Custo total (bomba 240 MAD + fluido 25 MAD + Mão de obra 200 MAD, ele pediu-me 150 MAD e eu dei os 200 MAD) – demorou 4 horas (TOTAL EM €= Aprox. 41 €)... o mais engraçado foi que já tive um problema do género aos 40.000 Km, em Portugal, e na altura fiquei sem saber o que tinha o Land Rover e substituíram-me a “caixa de velocidades” e paguei mais de 300 € na PRECISION. Como não percebo nada de mecânica... andei umas horas a pensar que fui levado em Portugal... vamos ver.


Acabámos por chegar a Merzuga já de noite... no mesmo percurso que fizéramos em 2005... e com o Sporting novamente a ser eliminado... (na altura foi pela Udinese e agora pelo Glasgow)...

Com a chegada a Merzuga, o vento estava forte, e a areia atravessava-se na estrada... Disseram-nos mais tarde que fazia 5 dias que “estávamos no meio de uma tempestade... era só pó”...


Dormimos no quintal do Auberge OASIS, na nossa tenda de montagem em 2''...

http://www.auberge-oasis.net/

NOTA: Sei que é um fluido e não um óleo porque li os post's do JPCMC do fórum do Landmania Clube de Portugal (apesar de não concordar muito com as suas posturas perante alguns dos sócios, a sua partilha de informação técnica tem-me valido alguma coisa - a ele o meu obrigado).

O 2º dia.

O 2º dia.

No 2º dia, optámos por uma viagem mais curta para podermos jantar e dormir melhor. Foi uma etapa de transição, para ao 3º dia estarmos no deserto, em Merzuga, verdadeiro destino da nossa viagem.
Depois de desmontada a tenda (o interessante é que demorou 2’’ a montar e 2’ a desmontar) fomos levantar dinheiro (MAD - Dirhams Marroquinos) e comprar tabaco (para o André, porque eu há 6 meses que não lhes toco). Bebemos um chá de menta num café na praça Moahmed V e deixámo-nos ficar. Pudemos contactar desde logo, recordando, com a realidade Marroquina: no café, só homens, aos beijos e de mão dada. Já não é isto que nos surpreende, mas voltamos a confrontar-nos com a diferença... que agora é quase natural. A reflexão do meu companheiro tem andado em torno do “potencial mercado de promoção imobiliária”, tantas foram as “paisagens naturais por destruir em nome do betão”... é claro que por aqui o mercado tem o problema da falta da procura... mas pela evolução que está a ter Marrocos, eles chegam lá. Por enquanto vamos tirando (nós e eles) prazer desta espectacular natureza. Quanto a mim, a minha reflexão do dia esteve relacionada com a convivência de um caos de peões e desrespeito pelo cumprimento das regras de trânsito, que parecem coexistir sem consequências negativas para os primeiros (pelo menos aparente). A explicação que encontrei é uma observação que pode ter tanto de factual como de ficcionada: parece que os condutores não esperar nenhum comportamento de auto-protecção dos transeuntes e, assim, estão sempre alerta para qualquer acontecimento inesperado relacionado com eles (por exemplo, uma entrada de rompante na via publica...). É como se os condutores tivessem a obrigação de zelar pelo peões, (valor implícito, que parece ser mais importante que o de cumprir o código da estrada (porque, este, não o cumprem). Isto não é de difícil adaptação... mas parece haver uma diferença na postura que temos que ter (condutores)... em Marrocos. É frequente verem-se ultrapassagens em riscos contínuos ou “stop’s” ignorados, mas a precaução dentro das localidades é clara... e não é pelo polícia ou pelo código, parece ser mesmo por consideração e protecção dos peões...




Acabámos por chegar a Azrou. No segundo dia começaram a ser claros os problemas com a engrenagem de velocidades... estávamos a ficar apreensivos. O tempo continuava chuvoso e as paisagens da viagem, sendo bonitas não são o espectáculo dos dias que se seguem

A noite correu bem, mas cheia de chuva (a tenda do meu irmão foi aprovada).

Amanhã vamos acordar cedo. É para dormir no OASIS em Merzouga...


Quanto às opções para este segundo dia, estou convencido que ganhávamos com uma viagem mais longa e rápida para o Atlas/Deserto... É claro que há muito para se ver em Marrocos... mas nós, nesta viagem, íamos à procura do Sul.

NOTA: Estava constipado... mas a ficar melhor. Tomava paracetamol de 12 em 12 horas e a coisa aguentava-se bem.


quinta-feira, 17 de abril de 2008

Manhã do 2º dia, depois de dormirmos em Chefchouen.


Manhã do 2º dia, depois de dormirmos em Chefchouen.

O meu companheiro, o André, fartou-se de falar de uma “senhora estopada”. Foram 1025Km, com uma espera de mais de 3 horas pelo ferry boat na travessia do estreito de Gibraltar. Tínhamos passado o dia todo a atravessar a península, sempre com a companhia da chuva, parecia quase de noite desde manhã. Na chegada a Algeciras vimos pela 1ª vez nesse dia o azul do céu.
No entanto, a espera pelo ferry poderia ter tido um impacto maior no nosso plano de viagem. À chegada, foi-nos anunciada a possibilidade dos barcos não atravessarem o canal - “estava demasiado vento”. Deram-nos como hipótese consistente o barco das 22 horas, “um barco lento” (que demora cerca de 1:30h), e acabou por ser assim. Custou-nos 64€ (2 pessoas e o Defender).
Entretanto, a noite parecia estar a cair quente. Tínhamos que atravessar a fronteira e seguir viagem até 1400 mts de altitude. Correu tudo bem, na fronteira havia pouca gente (não estávamos em Agosto e já fora da época alta da semana santa) e a viagem até se fez bem, apesar da noite avançada.
Chefchouen foi sempre a nossa meta por várias razões. Tem um parque de campismo que fica já depois das 1ªs montanhas de Marrocos, está muito ocidentalizado (por acaso, também nos preços) e já era nosso conhecido.

Acabámos por montar uma daquelas tendas que ficam prontas a utilizar em 2’’ e dormimos a noite toda (eu, porque o André queixou-se de dificuldades em dormir).

Considero que fizemos boas opções ao percorrer a zona ocidental de Espanha (em Portugal saímos do Porto e percorremos a A25 até à Guarda e depois a A23 pela Covilhã e Castelo Branco e o IP2 por Portalegre. Entramos em Espanha por Campo Maior e seguimos por Badajoz para Sevilha, Jerez e Algeciras). Poupámos nas portagens, que em Portugal são muito caras para o Defender... Entre Sevilha e Jerez também pagámos portagem, pouco mais de 5€ (em Espanha só há 3 classes e o Defender está na 1ª). O tempo que esperámos pelo barco é que foi mais chato... Chegámos a Algeciras às 18:30 (hora espanhola) e só tivemos barco às 22h, que chegou a Ceuta às 23:30. O que vale é que em Marrocos são menos 2 horas que em Portugal. Afinal eram 22:45 quando atravessámos a fronteira. Mais tarde soubemos que tem havido muitos problemas de desmarcações de travessias, o que estava a gerar protestos em Ceuta. A justificação que nos deram foi a do "mau tempo"... fez-nos sentido porque choveu o dia inteiro. Na fronteira foi mesmo rápido, só houve aquelas burocracias do pede papelinho aqui, ali para o automóvel, preenche, carimba aqui o passaporte, ali o papelinho do automóvel, mostra aqui e mostra ali outra vez... Como já sabemos mais ou menos o filme, já evitamos os pseudo funcionários públicos que querem ajudar-nos em troca de gorjetas para se aproveitarem da complicação que nos causa aquela burocracia toda. De facto, é muito simples...



VER FOTOS (1ºs dias)