Limpar Portugal

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quarta-feira, 2 de abril de 2008

Inverosímil

Inverosímil
(Paulo Guedes, 2 Abril 2008)


O que me leva novamente a Marrocos?
Da primeira vez que lá fui, foram decisivas as histórias que o Rui (Pena) me contava sobre este país, tão perto de Portugal e ao mesmo tempo tão longe, nos seus muitos contrastes; sempre gostei de histórias, se possível de outros tempos e de outros mundos e foi isso que senti quando fui a primeira vez a Marrocos, senti um outro mundo, diferente, vivo e inverosímil.
Antes de me explicar deixem-me então partilhar uma história, também ela inverosímil e ainda muito viva: estávamos nas gargantas do Torda e, depois de um excelente repasto, dirigimo-nos para Agoudal (aldeia perdida no meio do alto Altas a cerca de 2400 metros de altitude); subíamos por uma estrada em terra e gravilha aberta nos flancos da montanha e que parecia nunca mais acabar; as paisagens eram fantásticas, mas o meu medo das alturas ainda o era mais; depois de ultrapassarmos o ponto mais alto em que estive de automóvel seguimos por uma estrada também ela de terra e gravilha que parecia um leito de rio seco e lá chegamos a Agoudal; era o final da tarde e os restos do pôr-do-sol iluminavam a vila – imaginem: nas montanhas, já a escurecer, as sombras projectando-se, a escuridão estendendo-se e Agoudal, ainda iluminada, amarela, viva, brilhante, inverosímil – é uma imagem que não me sai da cabeça; lá parámos, arranjámos um sítio, ligeiramente afastado do centro de Agoudal, mas que nos inspirava confiança, para montar as tendas; depois do jantar, feito por nós (viva a camping gás), queríamos telefonar à família; mas não tínhamos rede nos nossos telemóveis, o que nos levou a perguntar se haveria algum telefone que pudéssemos utilizar; informaram-nos que existia um telefone na aldeia; quando lá chegamos percebemos que era o único telefone que existia na aldeia; era religiosamente guardado por um agoudalense, que apontava os sagrados períodos num livro e que depois informava quanto se tinha que pagar; lá fomos nós para a fila e telefonamos às nossas famílias; dissemos que estamos no século XXI; mas o agoudalense não se acreditou. Foi também aí, em Marrocos, que percebi a noção de monopólio (comercial).
Marrocos é uma terra de contrastes: tem o 2º pico mais alto de África (a que espero subir um dia), tem cidades que nos recordam a Suiça como Ifrane, com as suas casas achalésadas; tem praias e uma linha costeira imensa; tem cidades ao mesmo tempo passadas e futuras (veja-se o caso de Fez, com a sua zona antiga e a sua zona nova) e tem o maior deserto do mundo - o Saara que de propósito ou a propósito quer dizer “terra que por ninguém passa”; é lá que vamos concentrar os nossos esforços nesta minha 2ª viagem e 4ª viagem do Rui.
E é isto que me leva novamente a Marrocos - sentir que há novos mundos aqui tão perto, e poder conhece-los. Sentir que estou seguro, mas que há aventura e adrenalina. E sobretudo poder partilhar mais uma história do deserto e da sua magia.

terça-feira, 1 de abril de 2008

O passeio a Marrocos está com o plano definido.


A viagem está a ter o seu plano definido.

Como optei por divulgar este projecto em blog, faz-me sentido partilhar alguns aspectos relacionados com este tipo de viagens e o seu planeamento. São as minhas ideias, resultantes das experiências que tive, do prazer que posso retirar disto, do sentimento de segurança que preciso e do grau de risco que pretendo assumir. Estas são considerações que faço antes deste tipo de viagens (e não só... é mais no dia-a-dia):

O que é preciso para se estar seguro?

  1. Há quem precise de ter a possibilidade de determinar o curso das coisas. Há quem precise de ter alguém em quem confiar e que determine o curso das coisas.
  2. Há quem precise de uma ilha de ocidentalização (um resort, um hotel, um acampamento com muitos ocidentais) – a isto estão associadas características civilizacionais (segurança, hábitos de higiene, alimentação, relações-tipo, etc.). Há quem precise apenas de um canal de comunicação aberto com o seu mundo ocidental (telefonemas regulares, que mais não seja).

O que é preciso para se retirar prazer disto?

  1. Há quem precise de experimentar e contactar intensamente com o contexto que visita. Há quem precise do acaso no contacto com o contexto que visita.
  2. Há quem precise de comer bem, dormir bem, não ter preocupações nenhumas. Há quem precise de se sujeitar à possibilidade de só comer terra, não dormir e estar sempre preocupado.
  3. Há quem precise de não passar por estopadas. Há quem precise do desprazer das estopadas, para conhecer o prazer do destino.

Não sinto estar à altura de dar lições a ninguém, mas parece-me que Marrocos dá para todos os gostos. Neste caso, o que pesou nas nossas opções foi, a primeira coisa, optar por uma viagem que dê prazer, recusando o que não é imprescindível, para o prazer, e procurando a segurança necessária para o minimo de conforto (descobimo-nos e até parece que precisamos de insegurança para ter prazer (é provável...)...

Mas, no fundo, somos todos diferentes e alguns de nós precisam de coisas que os outros não precisam. Há viagens/expedições organizadas em que se mistura tudo e acaba por ser óptimo para todos os que participam.

Eu também gosto, mas gosto mais de uma forma do que de outra...

segunda-feira, 31 de março de 2008

Participação no Puros e Duros


Ora aqui está a minha primeira participação num evento um pouco mais duro. Foi um dia muito bem passado. Também me parece que foi graças a algumas pessoas, e alguma sorte, que a coisa foi tão boa. Tive muita ajuda. Sem ela não sei o que seria... possivelmente outros ajudariam, mas aqui agradeço ao Marco Marinho em primeiro lugar que me orientou para o grupo dele e depois ao Álvaro que ajudava e "guinchava" como podia... Houve mais pessoal que foi ajudando... aliás, espírito de ajuda era o que não faltava. Recordo-me de uma situação, precisamente a da foto em cima, no momento em que precisei de sair do sítio em que está o meu Defender, estavam uns 4 ou 5 companheiros em fila, "escadaria" a cima, que numa coreografia perfeita ora viravam os polegares para a direita, para eu fazer o mesmo com o volante, ora de mão em riste sinalizavam que era para avançar, para logo de seguida com uma expressão firme as viravam para baixo num movimento seco para eu parar... treinado não conseguiriam fazer tão bem.

Acabei por ficar com o para choques danificado (precisamente num eucalipto a que "tinha de apontar", mas a que não era suposto acertar, no cimo da escadaria, também, da foto que está neste artigo). Nada que não estivesse nas minhas cogitações... sim porque quando me inscrevi sabia que poderiam acontecer estas coisas.

Foi um dia forte e bem passado, com umas belas descargas de endorfinas... abraço muito grande para a organização. Sei que foram vários os que organizaram o evento, o Rui Mendes, que acompanhou mais proximamente o nosso grupo, mostrou ser um indivíduo top.

domingo, 30 de março de 2008

Material e equipamento para a viagem a Marrocos.

Já que estou numa de partilhar, cá vai:

Primeiro: não esquecer os passaportes e a extensão de seguro para Marrocos (se nos passou, sempre é possível fazer um seguro na fronteira – há por lá agentes a tentarem ganhar algum... nunca o fiz e nem sei quanto custa).

O material e equipamentos que vai connosco é:

  • 1 Defender Td5 Hard Top Van de Julho de 2003 (Pneus General Grabber montados) – 99% de origem, com, apenas, um RollBar;
  • 4 Insa Turbo Sahara (para montar com a chegada ao TT);
  • 1 Pá;
  • 1 GPS (276C) – com parques de campismo e os tracks que vamos fazer – tudo cedido pelo Parola Gonçalves;
  • 1 Portátil (com Antena SIRF III);
  • 1 Inversor de corrente;
  • 2 lanternas;
  • 2 tendas (a minha, que anda comigo desde a adolescência e foi uma oferta do meu pai - que ele usou quando era rapazola – e a do meu irmão, que é daquelas que abre em poucos segundos);
  • 2 Sacos cama (Inverno);
  • 2 colchões de enchimento automático (comprei no Lidle há uns bons anos e já deram muito jeito);
  • 1 Bico/fogão e 1 candeeiro a gás;
  • 2 botijas camping gás – das mais pequenas - (uma para o bico/fogão e outra para o candeeiro;
  • 1 Moca (para fazer café);
  • 2 tachos e 2 testos;
  • Pratos, copos e talheres de plástico/campismo;
  • Detergente e esfregão para a louça;
  • Medicamentos (anti-diarreico; laxante, panadol, aspergic, curitas e betadine);
  • Alimentos (os ingredientes para pequenos almoços e jantares a confeccionar vão de Portugal – muitos cereais, leite de soja, arroz, vegetais, fruta e conservas escolhidas criteriosamente);

Vamos levar roupas e material didáctico para entregar em associações – há sempre entidades locais que recolhem estes bens e redistribuem pelas pessoas mais necessitadas – esta questão é relevante nas aldeias mais isoladas do Atlas, onde há mais dificuldades, dado as adversidades da montanha e do clima.